5 princípios fundamentais para o advogado do futuro

Para entender todos os desafios que cercam a vida e, principalmente, a carreira de o advogado do futuro, é preciso, primeiro, entender os cenários que se colocam à sua frente. E estes são fortemente influenciados pelas novas tecnologias, que impõem novas e importantes alternativas de trabalho, incluindo aqui o surgimento das mídias sociais e suas fake news, as notícias falsas que surgem e se propagam rapidamente como fogo em relva seca.

Estas fake news têm abalado democracias em todo o mundo, a começar pelos Estados Unidos, e precisam ser fortemente combatidas pelos advogados – atuais e os do futuro -, dentro do princípio de que estes devem ser os primeiros e os últimos guardiões da democracia. Tudo dentro de princípios éticos que precisam reger a atuação profissional do advogado.

Papel colaborativo com a sociedade

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Estas são as ideias centrais defendidas pelo norte-americano Mark A. Cohen, advogado, professor, autor, conferencista e classificado hoje como um dos mais importantes pensadores sobre o papel do advogado na sociedade, seja em seu país como em todo o mundo. Em artigo que publicou há pouco na revista Forbes intitulado “O Futuro Advogado”, ele defende ideias revolucionárias, mas prega que o advogado do futuro precisa voltar às origens da defesa intransigente da lei, mas, dentro de uma ética profissional que precisa ser resgatada, em respeito à democracia.

O advogado do futuro, assim como o atual, não deve ser apenas persuasivo, mas, também, deve ter um papel colaborativo com seus clientes e sociedade, defende. E, nesse sentido, deve valer-se das novas tecnologias, aliando ações de sua inteligência intelectual (QI) com sua inteligência emocional (QE). Os que conseguirem essa ação combinada em sua atuação profissional serão os maiores vencedores.

Os cinco princípios fundamentais

Ele lista os cinco principais desafios que o advogado do futuro vai enfrentar a partir de agora, com a chegada e introdução das novas tecnologias no ambiente social e profissional.

  1. Defesa intransigente do estado de direito, porque este representa a base da democracia e é a argamassa que sustenta suas instituições. Depois de afirmar que o advogado é o primeiro socorrista e o último defensor da democracia, alerta que o estado de direito, em todo o mundo, está cercado e cabe aos advogados a tarefa de enfrentar e responder a este desafio;
  2. Cabe ao advogado garantir a todos o acesso à Justiça. Sempre vislumbrando a democracia, Mark A. Cohen afirma que o estado de direito é seriamente ferido quando uma única pessoa não tem acesso à Justiça. E, hoje, parcela significativa da sociedade não tem acesso garantido por não dispor de recursos financeiros suficientes para pagar um advogado aos valores atuais cobrados. Na outra ponta, há milhares de advogados desempregados ou subempregados – enquanto milhões de clientes em potenciais não têm a defesa de seus direitos que merecem. A solução para essa dicotomia é a adoção das novas tecnologias dentro dos processos de trabalho, porque estas barateiam os custos de atuação.
  3. É fundamental ao advogado trabalhar pela liberdade de imprensa e a garantia de que as mídias sociais não serão subvertidas pelas fake news, na medida em que estas subvertem as verdades e disseminam mentiras. E, para grande parte da sociedade, as mídias sociais tornaram-se sinônimos e fonte de notícias. As fake news, portanto, defende ele, são ameaça à democracia. Cabe ao advogado do futuro, também, assumir a liderança em busca da simplificação dos processos judiciais, através do emprego da tecnologia e tornando-os mais ágeis, acessíveis, rápidos e econômicos;
  4. E ele defende uma ideia que, pelo menos no Brasil, vai gerar muita discussão: é o que ele chama de “diversidade na profissão jurídica”. Diz Mark A. Cohen que é preciso gerar confiança pública no estado de direito. E cita a decisão da REA (Autoridade Reguladora de Solicitadores), do Reino Unido, que deu recentemente um passo ousado nesse sentido: foi dispensada a formação jurídica formal para que uma pessoa seja licenciada para exercer a advocacia. Bastam os conhecimentos dos princípios legais, habilidades relevantes e competência, além de alguma experiência. Também foi criado um exame de admissão, que, garante, reduz o custo do treinamento para o exercício da profissão, já que substitui a faculdade;
  5. E, finalmente, Dr. Mark A. Cohen defende que o advogado do futuro precisa garantir plena adesão aos padrões éticos profissionais. E ele parte do princípio de que, efetivamente, o negócio jurídico tornou-se um dos maiores mercados do mundo, avaliado hoje em aproximadamente US$ 1 trilhão (no Brasil, cálculos indicam que esse mercado chega a R$ 50 bilhões por ano). Por isso, o cliente sempre vai querer manobrar para que o advogado dê aquele ‘jeitinho’ para ganhar a ação, o que o especialista norte-americano condena. Acima de tudo, defende ele, o advogado do futuro precisa adotar padrões éticos em defesa do estado de direito. É preciso praticar serviços jurídicos efetivamente melhores, mais rápidos e mais baratos, mas, jamais comprometendo a ética jurídica.

Na frente, os interesses da sociedade

Tarefa sem dúvidas difícil para os tempos atuais, em que a própria atuação de organismos judiciais são fortemente contestados no Brasil. Mas, é exatamente contra isso que se insurge o jurista norte-americano: a lei precisa sempre ser levada ao pé da letra e não cabe ao advogado, atual ou do futuro, transigir sobre sua aplicação. A lei tem que ser igual e com a mesma aplicação para todas as pessoas, não importando sua importância na escala social.

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É dentro deste princípio que ele defende a atuação do advogado do futuro também como um forte defensor da sociedade democrática. Cabe ao advogado não apenas ser persuasivo na defesa de suas causas, mas, também, colaborativo com os sistemas sociais. Cabe a ele um importante papel de defesa da sociedade, a começar pelas causas particulares que precisa defender no interesse de seus clientes. Estes interesses não podem se sobreporem aos da sociedade em geral.

Uma preocupação levada a extremos

Por fim, Mark A. Cohen defende ideias intrínsecas às próprias tarefas profissionais e do dia a dia dos advogados, sejam os atuais como, principalmente, o advogado do futuro. As novas tecnologias mudaram em muito a forma do advogado atuar, mas, sua função principal continua a ser a da busca intransigente do direito na defesa de seu cliente. Mudou a forma de fazer isso, com as novas tecnologias, surgindo até mesmo a figura de assistentes que vão auxiliá-lo nessa tarefa.

O advogado do futuro, entretanto, não deve deixar estas tarefas secundárias apenas aos assistentes, mas, ao contrário, precisa saber tudo – ou o máximo que puder – sobre informática e estas novas tecnologias. Ele deve saber usá-las em defesa do cliente e, por extensão, em defesa da sociedade, que é uma preocupação sua levada a extremos.

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Escrito por Daniel Santos

Coordenador e gestor estratégico

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